Interview - We are more than bloggers | Andreia Morais

Hello everyone! A rubrica das entrevistas está de volta! Tinha de vos trazer cá esta miúda para além de ser um doce de pessoa, têm o dom de conseguir escrever, e do seu frasear elevar assim a nossa imaginação e que cada palavra nos toca ao coração. 

Podem acompanhar o seu trabalho nas suas redes socais:

Blog: As gavetas da minha casa encantada  Instagram: @andreia_morais 

O que te levou para este mundo da blogosfera?

A escrita sempre esteve muito presente na minha vida, uma vez que, desde miúda, adoro dar forma aos meus pensamentos, às minhas divagações. E foi graças a um primo, que partilha esta paixão, que fiquei a conhecer a blogosfera, até porque me desafiou a criar um espaço meu, onde partilhasse os meus textos. Já o fazia no antigo fotolog [não sei se ainda há quem se recorde desta plataforma], mas senti que estava na altura de dar um passo em frente e de investir num outro formato. Quase dez anos depois, continuo a achar este mundo fascinante!

Foi-te fácil escolher o nome do blog?

A escolha foi demorada, confesso. Porque senti necessidade de criar um blogue onde pudesse escrever sobre vários temas, por isso, tinha que pensar num nome que não limitasse o conteúdo – ou que, pelo menos, transmitisse esse traço mais abrangente. Depois de muitas voltas, depois de escrever e riscar algumas ideias, cheguei àquela que mais se adequava ao meu propósito: As gavetas da minha casa encantada. Todos nós, em nossa casa, temos gavetas específicas para vários artigos, que abrimos quando precisamos delas. No fundo, era isso que eu ia fazer, ainda que não de uma forma literal. Depois foi uma questão de segundos até associar o coração à casa encantada.

Tens algum processo criativo ou escreves na hora?

Tenho um processo criativo, que se tornou crucial quando comecei a escrever publicações diárias. Privilegio a escrita em avanço, porque me permite aproveitar os meus momentos de maior inspiração e, assim, criar conteúdo que me seja relevante. Em simultâneo, proporciona-me uma maior liberdade para explorar ideias diferentes. E não comprometo o tempo que tinha estipulado para outras tarefas. Portanto, reservo sempre uma parte do meu fim de semana para planear as publicações, para as escrever – porque o faço, primeiro, à mão – e para fotografar as imagens que as acompanharão. É a dinâmica que me deixa mais confortável. E a que resulta melhor comigo.

Como entra a escrita na tua vida? O que te fez apaixonar por ela?

Costumo dizer, em jeito de brincadeira, que escrevo desde que sou gente, porque aprendi a fazê-lo antes de entrar na escola primária. E sempre me fascinou a possibilidade de criar mundos paralelos e personagens completamente diferentes da minha realidade. Apaixonei-me sem ter sido capaz de o reconhecer no momento, mas este traço ficou muito vincado em mim. E é raro o dia em que não dê asas à minha imaginação. Há um conforto que só as palavras conseguem transmitir.

És fiel ao teu material de escrita ou aderes às tecnologias?

Sou fiel ao meu material de escrita. Adoro este contacto com a caneta e o papel. E comprovo que as minhas ideias fluem melhor a escrever à mão. Por isso, e ainda que as tecnologias sejam recursos extraordinários, não dispenso a primeira opção.

Se tivesses de dizer uma citação/ reflexão ou um pensamento predilecto teu que dirias?

É sempre difícil reduzir a um só, porque há muitos que poderia destacar, mas tenho que mencionar uma das passagens mais bonitas do meu livro de eleição: «Nós só vemos bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos»

Tens alguma frase ou lema que rega a tua vida?

Ser: Inteira. Com medos, mas sem filtros. Com verdade. Este é, possivelmente, o lema que mais me rege, porque acredito que temos que ser inteiros em tudo aquilo que fazemos e na forma como nos entregamos aos outros e aos projetos em que acreditamos. E isso não significa que não possamos ter dúvidas ou receio de avançar. Significa, pelo contrário, que devemos assumir isso e tentar mesmo assim. Porque é desta forma que evoluímos e que construímos o nosso caminho.

Doce ou salgado?

Embora aprecie salgados, os doces serão sempre os meus favoritos!

Viagem favorita?

As que fiz pelo Alentejo terão sempre um encanto especial. Mas acredito que a favorita ainda esteja por realizar, porque pretendo percorrer Portugal de Norte a Sul. Além desta, espero conseguir visitar Barcelona, Santorini, Malta, São Petersburgo e Amesterdão.

Já realizaste algum sonho?

Entrar na faculdade, tirar o mestrado em Educação Pré-Escolar, estar com o Ricardo Quaresma, ver Luís Franco-Bastos ao vivo são tudo sonhos que, felizmente, já consegui realizar. Mas ainda tenho alguns guardados na gaveta.

Como surgiu o teu gosto por colecionares dedais?

Surgiu por acaso, para ser completamente honesta. Há locais que nos ficam na memória. E comecei a querer trazer um bocadinho de cada um deles para minha casa. O único requisito é que fosse algo que, efetivamente, identificasse o lugar em si. No entanto, percebi que isso não seria uma tarefa simples, até porque, materialmente falando, nem todos têm algo que os diferencie. E fui-me mentalizando que teria que repetir objetos. Quando, em pela Cidade Rodrigo, estava a escolher uma recordação, a minha mãe questionou-me sobre os dedais e eu achei uma ideia incrível. E a partir desse momento abracei esta coleção.

Na tua bagagem de viagem não pode faltar?

Máquina fotográfica, livros, caderno e caneta.

Qual o teu escritor favorito?

Miguel Esteves Cardoso, sem qualquer dúvida. Porque tem uma abordagem muito pertinente, mordaz e apaixonada sobre os mais diversos temas. É uma verdadeira inspiração.

É-te fácil conjugar o teu trabalho com o blog?

Tem sido, sim. Não só por estar num part-time voluntário, mas também por ter aprendido a gerir melhor o meu tempo livre. É curioso como parece que sou mais produtiva agora, que estou mais ocupada.

Filme favorito?

Orgulho e Preconceito! A história tem uma mensagem incrível e, além disso, acho que está muito fiel ao livro. Por mais tempo que passe, nunca me cansarei da personalidade vincada de Lizzy e da arrogância de Mr. Darcy.

Tens algum tema que gostes mais de escrever ou abordar?

Há vários temas que me fascinam. E todos aqueles que abordo no blogue são exemplo disso. Porque sou mesmo feliz a escrever sobre música, sobre os livros que leio, sobre os lugares que visito. Além disso, gosto da sensação de me desafiar ao dar voz a identidades diferentes da minha, de transformar pensamentos em poesia, de criar histórias através do Storyteller Dice e de refletir sobre questões relacionadas com a sociedade.

Sendo tu escritora, será mito ou verdade que muitas vezes se escreve sobre a nossa própria dor?

É verdade! Sinto que partimos, muitas vezes, do que nos é próximo. E escrever sobre a nossa dor é uma forma de catarse; é uma forma de libertar os fantasmas e atenuar esse peso mais negativo – e de compreender que nunca estamos sozinhos. Pessoalmente, nem todos os meus textos são baseados em situações reais, mas já me inspirei em algumas delas. Portanto, sim, acredito que exista esse vínculo direto entre quem escreve e a dor presente nas suas palavras.

Já ponderas te lançar um livro teu?

Sim! E é, inclusivamente, um dos sonhos que mantenho na gaveta. Já estive mais longe de dar esse passo, mas quero garantir que crio algo à minha imagem. Isso leva o seu tempo, mas é um compromisso que não pretendo quebrar.

Já tiveste algum momento desagradável por mencionares que és blogger?

Que me recorde, nunca aconteceu. De uma maneira geral, acho que ainda há quem desvalorize, talvez por não compreender, o que é ser blogger. Mas nunca senti na pele qualquer desconforto provocado por terceiros só por eu o ser.

Deixa uma mensagem a quem vai ler a tua entrevista!

Movam-se pela verdade. E entreguem-se sempre de corpo e alma. Amem-se, porque não há respeito maior do que este

Conheciam a Andreia do Blog As Gavetas da minha casa encantada?